Moeda Falsa
quinta, 21 de setembro de 2017
Moeda falsa Kriptacoin fez vítimas entre servidores públicos e estudantes do DF, diz Polícia Civil
Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal, que desarticulou o esquema de comercialização da moeda virtual falsa Kriptacoin nesta quinta-feria (21), 14 moradores do DF já registraram ocorrências contra a empresa que gerenciava o negócio ilegal, a Wall Street Corporate. Entre as vítimas, estudantes universitários e servidores públicos que buscavam "alternativas à crise econômica".
O G1 conversou com um servidor público e uma estudante que, juntos, investiram cerca de R$ 30 mil na moeda. Segundo eles, o negócio "aparentava ser confiável" e prometia rendimento de 1% ao dia.
A universitária Jeniffer Moura, de 20 anos, investiu R$ 14 mil junto com outras cinco pessoas da família. "Outros amigos próximos, que indicamos, investiram mais uns R$ 15 mil", disse ela. Segundo Jeniffer, nos primeiros meses do negócio – a partir de outubro do ano passado – ainda era possível fazer saques em real.
"Teve gente vendendo casa, carro e fazendo empréstimo pra poder comprar."
A estudante explicou como funcionava o esquema. "A gente recebia numa plataforma virtual todos os rendimentos e podia solicitar o saque que ia direto para a conta corrente ou poupança. Mas quando entrei, já não consegui mais."
A Wall Street chegou a prometer instalar pontos de "Kripta Cash", para fazer os saques em reais, em três shoppings de Brasília. Até parceria com o Banco Regional de Brasília (BRB) a empresa havia anunciado, segundo Jeniffer.
Polícia Civil cumpre mandado de prisão e busca e apreensão na casa de um dos donos da Kriptacoin, em Vicente Pires, no DF (Foto: Guilherme Timóteo/TV Globo)
O servidor público Antonio de Jesus, de 34 anos, foi outra vítima do Kriptacoin. Ele investiu R$ 15 mil na moeda com cartão de crédito e dividiu em parcelas de R$ 3 mil – até agora, pagou duas. "Eu tô doidinho sem saber o que fazer. Se dá pra cancelar a compra, reaver o dinheiro", disse ao G1.
Segundo ele, a Wall Street – que ficava em uma casa em Vicente Pires – parecia promissora. "Tudo era top de linha. Os executivos tinham pinta de bacana, chegavam em Porsches, Ferraris. Ostentavam helicóptero e até jatinho, então parecia que estava mesmo dando dinheiro."
"Eles fazem uma lavagem cerebral muito grande. Todo mundo que estava lá comigo acabou investindo."
O esquema criminoso envolvendo a moeda foi identificado pela Polícia Civil como "pirâmide financeira", quando os lucros com o investimento rendem proporcionalmente ao número de pessoas indicadas para participar do negócio. Na manhã desta quinta, foram cumpridos 11 madados de prisão e 18 de busca e apreensão em Brasília e em Goiânia.
Antes de comprar as moedas virtuais, os interessados tinham que passar por um contato de "power mining" – uma reunião com os administradores.
Polícia Civil do DF cumpre mandado de prisão a um dos suspeitos de participar de empresa que vendia moeda virtual falsa Kriptacoin (Foto: Mara Puljiz/TV Globo)
A moeda virtual, semelhante ao Bitcoin, que prometia ganho de 1% ao dia – independentemente da valorização no mercado online – atraiu pessoas como o servidor público Antônio de Jesus, que buscavam alternativas para fazer o dinheiro render em meio à crise econômica. "O pouco que tinha, quis investir pra melhorar a vida. Meus olhos chegaram a brilhar", disse ele.
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